
TRANSFORMANDO COTIDIANO EM ARTE
Post enviando em: 07.05.2008
Quando trazemos a linguagem artística vívida e pulsante das ruas para outro ambiente, há que se tomar o cuidado de não destruí-la, de não domá-la, de não destituí-la de sua força. Vigor que repousa justamente no fato dessa arte habitar o céu aberto, e não a galeria fechada. Mais que exclusivo, o graffiti sempre foi inclusivo, democrático por natureza, anárquico até. A arte que encontramos no graffiti explícito, nas intervenções urbanas espalhadas por todas as ruas do mundo são patrimônio acessível a qualquer cidadão universal, nos pertence, é assistida e nos assiste.
Um stiker pode virar uma tela? Um muro cabe no adesivo? Como preservar o grito primeiro da arte de rua em outros suportes e mídias? As indagações estão lançadas para o debate popular, tanto quanto o desafio de inserir arte no cotidiano, e assim transformá-lo, e assim transformarmos também nossas vidas. Missão cumprida com êxito por esse personagem que destacamos agora: o grafiteiro. Tipo de artista que como poucos, sabe provocar o olhar do caminhante, do espectador, do outro. Habilidade desenvolvida na percepção do habitat como algo vivo, carinho com spray nas idas e vindas pela cidade enamorada de todos.
Onde o cidadão comum enxerga paredes, o grafiteiro vê telas. Onde enxergamos um mero objeto, ele vê suporte para a pintura. A idéia de projetar artes adesivas para instrumentos de uso corriqueiro aposta totalmente na possibilidade dessa transposição. Do imaginário direto para o uso palpável, para a apreciação diária, para a sagrada rotina. A partir do momento que deslocamos olhares e misturamos conteúdos, um novo paradigma é proposto. Nesse espírito o Eskin Adesivos convidou sua primeira turma de artistas para a intervenção em aparelhos celulares, ipods, iphones e notebooks.
O sortilégio de grafistas, grafiteiros e escribas surgidos dessa convocação surpreendeu e empolgou o projeto. O galpão da Associação Cidade Escola Aprendiz (ONG que acompanhou essa curadoria espontânea) ficou lotado de gente boa, de extremo talento. Da gurizada despontando enquanto subverte os cadernos escolares, aos macacos velhos da ilustração para a imprensa, passando pela tribo grafiteira, um primeiro plantel consistente e diversificado se formou. São as bases que conferimos agora nesse site e nas melhores lojas do ramo. Pela sequência do programa, nas próximas etapas, mais feras aparecerão. Já começou, cola aí!Silvio Ayala
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