segunda-feira, 17 de dezembro de 2007

E ONDE ESTA A PORTA !::

Foi há quase um ano que a unidade de forças especiais SWAT da polícia de Atlanta, no estado norte-americano da Geórgia, entrou pelos estúdios de DJ Drama e DJ Cannon adentro e confiscou mais de 80 mil CDs que continham mixtapes, compilações não autorizadas de músicas e samples de Hip-Hop e deteve os dos DJs por “contrafacção”. Um ano depois, o caso ainda corre nos tribunais.

DJ Drama: Gangzta Grillz

Entretanto, DJ Drama - de seu verdadeiro nome Ian Simmons - gravou um novo disco intitulado Gangsta Grillz: The Album que ao contrário do que é habitual na cena underground das mixtapes, foi publicado pela Atlantic Records, uma subsidiária da Warner Music, uma das quatro maiores editoras discográficas do mundo.

Mas a tentativa das majors legitimarem as mixtapes não parece ter corrido lá muito bem, como refere o New York Times. Para além do processo burocrático de autorização de samples dos OutKast, Young Jeezy e Diddy, entre outros ter atrasado o lançamento de Gangsta Grillz, até agora as vendas do CD têm sido fracas: cerca de 49 mil cópias na primeira semana de vendas, o que fez com que apenas alcançasse o 26º lugar do top da Billboard.

Há alguns meses atrás a Universal Music também tentou apostar nas mixtapes legais ao lançar uma série de três compilações Lethal Squad a um preço reduzido (5 a 6 dólares), mas as vendas conjuntas não foram além das 20 mil cópias. O artigo do jornal também refere que a Universal tentou sem sucesso introduzir um sistema de licenciamento de samples restrito a alguns DJs mas os planos foram por água abaixo.

Segundo SImmons, a descida em mais de 20 por cento nas vendas de CDs de Rap e Hip-Hop registada ao longo deste ano é um resultado directo do cerco da RIAA à cena das mixtapes: “Não é mera coincidência. Olhem para os últimos quatro ou cinco anos da história do Hip-Hop e irão aperceber-se de que a maioria daqueles que conseguiram ver o seu nome firmado no circuito vem das mixtapes - ponto final.”

A mesma ideia é também salientada pelo DJ e produtor Clinton Sparks, que também é um dos responsáveis pelo site MixUnit.com, quando refere que ele e os seus sócios decidiram começar a virar-se para a venda de merchandising como camisolas, ténis e cartazes em vez de mixtapes.

Sendo o New York TImes guiado por uma visão de jornalismo “objectivo” - seja lá o que isto quer dizer hoje em dia - é claro que o artigo também inclui opiniões em contrário de representantes ligados à RIAA. Seja como for, os casos apontados no artigo apenas contribuem para cimentar a ideia de que a indústria discográfica continua fiel à sua incompetência. O que, diga-se de passagem, já é algo a que estamos habituados: na verdade, todas as tentativas de cooptação dos fenómenos à margem da lei como as mixtapes e a partilha de ficheiros redundam em rotundos fracassos, precisamente porque não reflectem os interesses de todas as partes interessadas. Tratam-se frequentemente de imposições unilaterais disfarçadas de concessões.

(via Daily Swarm)

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