
"Eu acho que o papel da sinceridade hoje em dia é o de defender o mistério, o encantamento e o mito. Isso pode até parecer contraditório de início, já que, hoje, a maior parte das significações de “sinceridade” parecem enraizadas nessa cultura televisiva de acesso total, ultra-emocional e confessional. Como eu falava antes, isso parece produzir uma geração de telespectadores que esperam que tudo lhes seja entregue de bandeja e que “realidade” e sinceridade são um ato de desmonte agressivo das barreiras que impedem tal acesso. Mas desmontar de forma destrutiva não encoraja a um engajamento real, mas sim produz um público preguiçoso, o que é um beco sem-saída. É como um mundo de zumbis confessionários zanzando por aí e admirando os destroços restantes de suas ações. Exagero para me fazer entender. Contudo, eu realmente acredito que a sinceridade hoje em dia pode ser empregada para nos lembrar da beleza do mistério, do encantamento e do mito – mas de modo a encorajar ao re-encantamento e conduzir a um eterno questionamento do mundo que nos cerca. Me encanta que a sinceridade, hoje, possa assumir significados tão diversos a ponto de sugerir não se revele tudo como uma maneira de encorajar esse engajamento. Quero enfatizar que eu não estou sugerindo o disfarce ou queda-de-braço, mas sim evocando o interesse que conduz ao inesperado e às infinitas possibilidades."
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