Declaração das mulheres da Via Campesina, Trabalhadoras do Campo e Cidade.
Nós mulheres da Via Campesina, trabalhadoras do campo e cidade, durante esta jornada nacional de luta de 3 a 8 de março, vimos novamente reafirmar e nos posicionar contra este modelo imperialista e patriarcal.
Este modelo, que vem avançando e se apropriando do território dos povos de todo mundo, e de toda América Latina, tem transformado áreas do pantanal e do Cerrado em monoculturas de soja; destruído o bioma pampa e grande parte da Mata Atlântica, plantando centenas de hectares de eucalipto para produção de celulose, sustentando assim o consumismo dos paises ricos; tem se apropriado de nossos rios, para construir barragens e produzir energia para sua sustentação; tem devastado a Amazônia para retirar madeira e ostentar o luxo dos grandes paises capitalistas; vem há anos, intensificando o plantio de cana no nordeste, para agora dar conta de atender o modelo energético dos Estados Unidos; e não satisfeito com todas essas atrocidades, exige, impõe, a transposição do Rio São Francisco para irrigar o agronegócio.
Nós mulheres camponesas, hoje nos manifestamos, juntamente com as trabalhadoras urbanas, e denunciamos esse projeto assassino, que vem sendo apresentado pelas grandes elites e por transnacionais como a Cargill, Monsanto, Du Pont, Syngenta, Bunge, Bayer, Stora Enso, Aracruz. Projeto este, que se sustenta através do controle da agricultura, impondo seu pacote tecnológico; através do controle da grande mídia que propagandeia o modelo capitalista enganando o povo; através do financiamento das campanhas eleitorais de governantes, que por sua vez, usam o aparato do Estado para atender aos interesses do grande capital estrangeiro.
Nós mulheres trabalhadoras do campo e cidade, repudiamos esse modelo imperialista do agronegócio, que ameaça a vida e a natureza; que não valoriza o trabalho da mulher; que nos obriga a ter várias jornadas de trabalho; que oprime com intensidade as mulheres; que nos trata com violência; que traz o desemprego para nós e para nossas filhas e filhos; que dissemina a pobreza, a prostituição; que traz consigo as drogas, as doenças e a morte; que criminaliza todos os movimentos sociais.
Queremos produzir nossas sementes, sem que estas sejam contaminadas por plantas transgênicas, queremos produzir uma alimentação saudável para nossas filhas e filhos, avançando na construção de um projeto de agricultura camponesa e agroecológica, que tem como principio o respeito à biodiversidade e a transformação das relações dos seres humanos entre si e com a natureza.
Não queremos favores, exigimos o que nos pertence por direito, uma terra livre de transgênicos, livre de transnacionais como a Monsanto que tanto tem explorado nosso povo e degradado todo o meio ambiente, transformando pessoas e recursos naturais em mercadoria.
Assim nós mulheres trabalhadoras do campo e cidade, reafirmamos nosso compromisso com a vida e com a construção de uma sociedade de mulheres e homens livres, para isso, enfrentamos o imperialismo e a opressão imposta pelas grandes elites e transnacionais.
Continuaremos em movimento e em luta, permanecendo organizadas nos diferentes locais, lutando contra todos os tipos de opressão, rumo a transformação e construção de uma sociedade justa, igualitária, com dignidade e solidariedade ente os povos.
PÁTRIA LIVRE!!!! VENCEREMOS!!!!!!
FORTALECER A LUTA EM DEFESA DA VIDA !!!!!!!!!!!!!!!!!!
Mulheres da Via Campesina, trabalhadoras do campo e cidade.
Xanxerê/SC, 07 de março de 2008.
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