quinta-feira, 6 de agosto de 2009

vendendo musica

Como vender música sem DRM no MySpace e ganhar muito dinheiro

by Miguel Caetano on Outubro 4, 2006

A autoprodução começa a render dinheiro no mundo da música Pop. A banda canadiana Barenaked Ladies conseguiu amealhar cerca de um milhão de dólares no período de uma semana através da comercialização do seu novo álbum Barenaked Ladies Are Me no MySpace. Cada uma das 29 faixas foi disponibilizada a um preço de 89 cêntimos e sem as habituais imposições relativas à DRM (Gestão de Direitos Digitais ou GDD em português) relativas à possibilidade de cópia e partilha dos ficheiros.

Para além de oferecer uma proposta muito mais vantajosa que a de lojas virtuais como a iTunes da Apple, o grupo decidiu lançar o disco através da sua própria editora Desperation Records, depois de ter abandonado há três anos atrás a Reprise Records, uma subsidiária do Warner Music Group. Em paralelo, o álbum está a ser também distribuído através de uma série de plataformas multimédia como flash drives USB, toques para telemóveis, vinil e o tradicional CD.

A estratégia de marketing da banda foi montado pela empresa Nettwerk Music Group, de Vancouver, que conta na sua lista de clientes artistas relativamente comerciais, como Avril Lavigne, Dido, Sarah McLachlan e os Stereophonics. Num artigo publicado recentemente, a revista Wired revela como Terry McBride, o director-executivo da companhia, está decidido a revolucionar a gestão da indústria musical de forma a que os artistas retomem o controlo da sua propriedade intelectual que era até agora detido pelas grandes editoras.

Esta abordagem heterodoxa passa pela disponibilização das pistas de instrumentos que serviram de base às músicas registadas no disco em ficheiros no formato do software Pro Tools para que os fãs possam fazer as suas próprias remisturas. “DJs amadores poderão utilizá-los como se fossem peças da Lego para criar algo por si próprios”. Umm… No fundo, trata-se de aplicar ao mundo da música Pop as experimentações que vários projectos têm vindo a desenvolver um pouco por todo o mundo, como é o caso do Acervo do Estúdio Livre, ligado ao parceiro do Ministério da Cultura do Brasil, o colectivo Re:combo do mesmo país ou o OpusCommons do grupo indiano Raqs Media Collective. Pena é que McBride tenha optado por software proprietário em vez de alternativas abertas como o Ardour para Linux e Mac.

Mas o empresário quer ir mais longe e pretende tirar partido das redes P2P através da legalização da partilha de ficheiros de modo a que os artistas possam ser recompensados directamente, sem intermediação das editoras. A aposta da Nettwerk passa por assegurar aos artistas a sua representação. Estes últimos lançam os discos em editoras próprias e mantêm toda a sua propriedade intelectual, obtendo em contrapartida entre cinco a seis dólares pela venda de cada CD. Acabam assim por ganhar muito mais dinheiro do que receberiam se estivessem presos a um contrato tradicional com uma grande editora – um a dois dólares por disco.

Bandas anglo-saxónicas como os Clap Your Hands Say Yeah e The Artic Monkeys são apenas os casos mais conhecidos de entre outras que alcançaram sucesso ao concentrarem os seus esforços promocionais no MySpace. Mas os Barenaked Ladies são os primeiros a enveredar pela comercialização directa de faixas no site de Rupert Murdoch. As tendências mais recentes da cultura da remistura levam-nos, contudo, a vaticinar que o grupo canadiano não será o único a ganhar milhões com as redes sociais*.

* Para estabelecer uma comparação, o valor de vendas gerado pelos BNL durante a primeira semana foi o mesmo que a Disney obteve no mesmo período com a nova secção de filmes da loja do iTunes.

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