Mais uma prova de que o actual modelo de negócios das editoras discográficas tradicionais centrado na venda de discos está fadado ao fracasso: dos mais de 115 mil álbuns editados em 2008 nos Estados Unidos, apenas 110 – ou seja, menos de 0,1% – venderam mais do que 250 mil cópias, tendo somente 1.500 superado a barreira das dez mil unidades, ao passo que 6.000 conseguiram ultrapassar a marca dos mil exemplares comercializados.
Estes dados foram divulgados este domingo pelo relações públicas Ariel Hyatt no âmbito da Future of Music Coalition Policy Summit, um encontro que se realiza anualmente em Washington, D.C. e no qual participam músicos, managers, académicos, empresários da indústria musical e técnicos.
Se dúvidas houvessem, os números fornecidos por Hyatt demonstram a necessidade urgente de todos os agentes do sector e em especial as editoras discográficas de passarem a encarar os discos mais como ferramentas de promoção para a venda de artigos que rendem realmente dinheiro como concertos, merchandising, licenciamento para filmes, anúncios, videojogos, como refere Greg Kot no Chicago Tribune.
Outro dado que também comprova isso mesmo é o facto de em Março de 2006 o então patrão da FNAC Denis Olivennes – que foi mais tarde encarregado de elaborar os acordos que antecederam a redacção do projecto de lei francês da HADOPI com vista à suspensão do acesso à Internet dos partilhadores – ter revelado que dos 200 mil discos diferentes comercializados pela cadeia francesa de lojas de entretenimento, 190 mil vendiam uma média inferior a um exemplar por ano.
Na altura, o site francês Numerama fez as contas e chegou à conclusão que 95 por cento dos discos vendidos pela FNAC geravam menos de 40 cêntimos por dia aos seus autores, compositores e intérpretes. Isto quer dizer que para a esmagadora maioria dos artistas, a edição e distribuição para venda de um CD ao preço normal acaba por constituir um empecilho à divulgação do seu trabalho junto de um público mais vasto. Quem está disposto a pagar 14 euros por um disco de um artista cujo conteúdo praticamente se desconhece? Mais vale permitir a sua audição integral a a partir de um serviço de streaming gratuito!
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